quarta-feira, 6 de maio de 2009

Jovem mata bandido que atirou na madrasta


CAMPINAS -- A comerciante Lilian Aparecida Fernandes, 38 anos, foi morta com dois tiros no rosto enquanto era mantida refém com sua família em Campinas (93 km de SP), no final da madrugada de ontem. Pouco após o crime, o enteado da vítima de 17 anos matou o assassino --um vizinho que vivia na mesma rua-- usando um macaco e uma chave de roda do carro onde todos estavam.

Além de Lilian e do enteado, foram feitos reféns o pai do adolescente e marido da vítima, o comerciante Antonio Carlos Rodrigues dos Santos, 43 anos, o meio irmão do adolescente, de 11 anos, e uma tia dele de 18 anos. Todos foram mantidos sob a mira da arma de Claudemir Alves da Costa, 32 anos, dentro do Uno da família. "Ele era amigo da gente. Fez isso aí não sei o motivo", disse Santos.

O comerciante relatou que, por volta da 0h, Costa bateu na casa da família, que fica em cima de seu bar, no Jardim Campos Elíseos, bairro da periferia da cidade. Insistentemente, ele chamava pela irmã de criação de Lilian, ao mesmo tempo que jogava pequenas pedras no telhado e nas janelas da casa, segundo o boletim de ocorrência registrado no 11º DP da cidade. Santos contou que ninguém abriu a porta nesse momento.

Já por volta das 3h, Costa voltou ao sobrado, pulou o muro de mais de três metros, subiu as escadas e bateu na porta, de acordo com o relato. Mas desta vez o bandido chamava por Lilian, que acabou permitindo que Costa entrasse. "Ele mandou acordar todo mundo", disse o comerciante.

Por mais de uma hora, o bandido ficou no local pedindo cigarros a Santos e doces para Lilian. "Ele estava descontrolado. Parecia drogado", contou o comerciante.

De repente, o bandido pediu que Lilian o acompanhasse à garagem da casa. "Ele falou que a arma dele estava lá", disse Santos. De acordo com o boletim de ocorrência, Costa falava que tinha sido perseguido pela polícia pouco antes e que havia jogado sua pistola calibre 22 na garagem da casa.

Santos contou que, após pegar a arma, o bandido ficou agressivo e deu uma coronhada no rosto de sua mulher.

Reféns

"Ele falou que a gente ficava caguetando. Achava que ela (Lilian) que caguetava. E disse que a gente ia dar uma voltinha", contou Santos.

O bandido obrigou os cinco a entrar no Uno de Lilian, que assumiu o volante. Como o carro estava quase sem álcool, Costa fez a comerciante parar em um posto de combustíveis. Com o carro abastecido, o criminoso mandou a vítima seguir para a estrada do Mão Branca, segundo o relato.

Ao chegar na estrada de terra de um pesqueiro, o bandido disparou duas vezes contra o rosto de Lilian, e o carro bateu em uma árvore. Costa acabou prensado pelo banco contra o vidro. Santos aproveitou para prensá-lo ainda mais com uma das pernas para segurá-lo. O criminoso chegou a tentar disparar mais vezes contra o resto família, mas a arma falhou. "Aí eu falei: 'Pega o macaco, filho! Vamos tentar fazê-lo desmaiar!", disse Santos.

O jovem contou ao Agora que foi até o porta-malas, e pegou também uma chave de roda. Com pedras que encontrou no chão, quebrou o vidro dianteiro do carro e puxou Costa para fora. O adolescente não se lembra quantos golpes deu no bandido. "Ele tentava escapar, mas eu quebrei o braço dele", disse o jovem, que não foi detido. A PM recomenda que as vítimas nunca reajam.

'Ele teve o fim que procurou'

"O que a gente procura nesse mundo, a gente acha... Mas ele não dava bandeira de estar fazendo nada de errado", disse a irmã do criminoso, a doméstica Aparecida Fátima da Costa, 34 anos, na tarde de ontem. Aparecida contou, no entanto, que, desde que saiu da cadeia, em agosto do ano passado, Costa não tentou arrumar um emprego ou qualquer outra maneira de se regenerar.
"Ele procurou e ele achou", concluiu a doméstica, que não está espantada pelo fim de seu irmão.

Costa ficou 11 anos preso, segundo a polícia. Cumpriu penas por roubo, tentativa de homicídio, receptação, formação de quadrilha e motim de presos.

Para o delegado Marcelo Fávaro, titular do 11º DP de Campinas, o adolescente que matou o bandido "agiu em legítima defesa, dele e da família dele", já que Costa tentou atirar mais vezes depois de acertar Lilian. Fávaro fez uma recomendação à Vara da InfÔncia e da Juventude da cidade para que o garoto não fosse recolhido, e o menor não foi detido.FONTE:AGORA

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